Era Natal e nunca vi chover tanto. Você havia me deixado uma mensagem a qual eu não tive coragem de abrir, não queria ler qual seria a sua resposta sobre a proposta um tento quanto entregadora que eu havia feito. Mas eu precisava. Olhei para a janela inúmeras vezes esperando o papai Noel, vai que ele me deixasse de presente um pouco de coragem? O que eu sempre precisei. Coragem. Primeiramente coragem para caso a resposta fosse não encará-la com maturidade e seguir em frente. Afinal sempre tive todos os motivos do mundo para seguir por outro caminho. Em segundo lugar, preciso de coragem para caso a resposta for sim eu conseguir levar isso adiante. E para conseguir fazer dar certo eu não posso ter medo. Mas ele nem ousou aparecer. Na verdade eu parecia uma criança com medo de ver a verdade. Após finalmente o silêncio chegar tentei inventar milhões de desculpas para mim mesma, para não apertar um botão. Simples, como eu podia complicar as coisas a esse ponto? Respirei fundo, contei até 10 e tentei me convencer de que o que tivesse que acontecer irá acontecer. “Encontre-me no aeroporto às 3:00, sim, da manhã. Beijos.”. Não doeu. Pensei que seria pior, a gente sempre pensa… Me arrumei e fui com o coração na mão. Nunca fui dessas de conversar sério com alguém, ainda mais com ele. A chuva caía cada vez mais forte, e quando eu cheguei ali aonde combinamos já eram 3:05. Talvez ele não se importasse com esse meu mínimo atraso, talvez se importasse até demais. Comecei a correr e quando menos espero ele estava ali se despedindo dela. Eu nunca mencionei, mas eles faziam um belo casal. E ela sempre fora tão mais bonita, tão mais centrada, na dela. Tão diferente de mim. Nada tínhamos em comum. Quem sabe a cor do cabelo ou o tamanho das unhas, mas e daí? Ele estava ali com ela, não comigo. Será que ele combinou com as duas? Atrevido demais seria se ousasse, pois me recuso a admitir que mais parecesse um triângulo amoroso de novelas quaisquer. E se fosse, ela seria a boazinha da história, sempre ela. Fingi não me importar com a situação e andei até eles, com toda a minha simpatia forçada disse oi e sorri. Ele me olhou e sorriu. Ela simplesmente virou-se e foi embora. “Desculpe-me. Ela não gosta muito de você…”, “Também não gosto dela.”. Ele riu e disse: “Ela não gosta de você porque sabe o quanto eu sou apaixonado por você e não por ela.” Sim. Ele disse o que eu esperava. Depois daquilo, dessa frase simples, entretanto com tanto significado para mim, a resposta dele era sim. E o papai Noel me deu o que eu tanto esperava… Coragem para fazer dar certo.
